segunda-feira, 9 de julho de 2012

Desejo no escuro


Eu vou sentar no escuro do meu quarto para escrever muitas palavras que não terei coragem de te dizer. E vou remoer todas as minhas confusões até entrar em parafuso e dar nó em meus próprios pensamentos. Vou te desejar no escuro e mascarar com fingida indiferença toda vez que te vir no claro, toda vez que tiver que falar de nós. E talvez te pareça vulgar, nas entrelinhas das palavras não ditas da minha timidez.
Vou ter medo de ser só um brinquedinho da mesma forma em que você vai temer que eu te use. E cantarei músicas que me fazem lembrar-se de você e de nossos momentos aleatórios. Andarei pela rua e darei um sorriso bobo que ninguém vai entender, só porque lembrei de algo engraçado que você me disse, ou da sua docilidade em rir de minhas bobagens.
É, vou ficar me lembrando, e estarei mais envolvido do que aparentarei aos seus olhos e aos olhos de todo o mundo. Vou esconder meu rosto no travesseiro, vou fazer cara de travessura. Em algumas noites me sentirei mal comigo mesmo, com as minhas interrogações, com a minha incapacidade de te tirar das sombras de suas próprias conclusões.
Tenho medo dessas bifurcações da vida.
Se você se surpreende sem palavras, imagine eu.
Vou virar o rosto para a parede, vou fechar os olhos e tentar dormir. Não vai mudar muita coisa, mas pelo menos eu não terei passado uma noite de angústia em claro. Te importará que eu esteja assim tão assustado?

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